Canudos: de item indispensável a vilão da natureza
- Thamiris Pinheiro
- 14 de jan. de 2020
- 3 min de leitura
Por Thamiris Pinheiro, 19/12/2018
Os canudos plásticos são os novos vilões da natureza. Responsáveis por 4% do lixo plástico mundial, eles são o item deste material de uso único mais comum e chegam a somar 500 milhões de unidades utilizadas por dia, somente nos Estados Unidos. Entre as dez milhões de toneladas de plástico que chegam aos oceanos anualmente, 100 mil toneladas são apenas de canudos descartáveis, que afetam diretamente a flora marinha e matam os animais por ingestão ou obstrução de vias respiratórias.

Os famosos canudinhos são produzidos a partir dos plásticos polipropileno (PP) ou do poliestireno (PS), que são derivados de petróleo e contribuem no uso desta fonte não renovável de recursos. Além disso, não apresentam valor de mercado significativo para a reciclagem devido o seu tamanho reduzido - o que torna necessário o recolhimento de bilhões de canudos para ser possível algum retorno financeiro através deste processo. Sendo assim, acabam descartados de maneira inadequada e podem demorar cerca de 400 anos para se decompor na natureza.
As alternativas para deixar de usar esses utensílios estão cada vez mais populares. Dentre as opções, encontram-se os canudos biodegradáveis de papel, mandioca e palha. Entretanto, mesmo com um tempo de decomposição menor em relação aos de plástico, eles ainda são descartáveis e geram lixo. Por outro lado, os canudos de vidro, metal ou bambu podem ser reutilizados e têm uma vida útil de cerca de seis anos. Optar pelo uso deles gera um impacto não só para o planeta, mas também em níveis individuais, segundo a estudante de Comunicação Amanda Melgaço.
– Usar o canudo de metal mudou muito a minha rotina porque é preciso carregá-lo para todos os lugares e isso é um hábito que estou tendo que aprender. Mas ainda assim, eu acho que ele é muito melhor que o de plástico porque só em ajudar o meio ambiente já é um grande ponto positivo – diz Amanda.
No Rio de Janeiro, um projeto de lei aprovado pela Câmara de Vereadores determina que restaurantes, quiosques, vendedores ambulantes e similares passem a usar e fornecer apenas canudos biodegradáveis. Para a lei entrar em vigor e, assim, tornar o Rio a primeira cidade brasileira a banir o uso de canudos plásticos, é preciso passar ainda por sanção do prefeito Marcelo Crivella. A medida, contudo, já apresenta efeitos sobre a população. De acordo com a consultora da marca de gestão de resíduos e copos reutilizáveis Capim SeloVerde Victória Gadelha, os estabelecimentos já se movimentam para esta mudança.
– Eles estão correndo atrás porque viram que a lei pode passar e mesmo se não passar, agora o público está pedindo, não está mais aceitando tanto plástico. A gente começou até a revender canudos reutilizáveis de vidro e aço inox, coisa que a gente nem fazia, porque a demanda está muito grande – afirma Victória.
O questionamento sobre o uso de canudos descartáveis pode levar a outros tipos de incômodos quanto a diferentes produtos prejudiciais ao meio ambiente, como as sacolas plásticas. Isto, de acordo com a consultora, gera uma conscientização contínua dos indivíduos, que se espalha por suas redes de relações.
– Você começa a se policiar quanto ao canudo, depois vê se precisa realmente fazer uso de outras coisas. Quando você muda um hábito que está tão enraizado, acaba mudando outras coisas e vê que é bem mais simples do que parece – conclui Gadelha.
Gostei muito do texto dos canudos. Inclusive hoje, fiz um comentário com meu namorado sobre o uso excessivo de canudos. E achei incrível entrar aqui e ler sobre este assunto. Faço uso do canudo de metal há um ano e recomendo. É muito importante expor essas questões, afinal precisamos cuidar da nossa casa.